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As exportações brasileiras em meio à guerra comercial

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As vendas ao exterior caíram nos primeiros meses de 2019. Estados Unidos e China, que protagonizam a elevada de tensões, são os principais parceiros de negócios do Brasil 

As principais economias do mundo dão sinais de desaceleração e há temor de uma nova recessão global. Um dos principais fatores que alimentam esse contexto é a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China.

A primeira medida concreta a alimentar as tensões entre as duas maiores economias do planeta veio nos primeiros meses de 2018, quando o presidente americano, Donald Trump, anunciou tarifas de importação a produtos chineses.

No início de agosto de 2019, a disputa se intensificou quando Trump falou em aplicar novas tarifas. A China retaliou, ameaçando iniciar uma guerra cambial, o que derrubou os mercados de vários países.

Na sexta-feira (23), a China ameaçou novas medidas contra os EUA, desta vez na forma de tarifas de importação.

As tensões na economia global estão levando agentes do mercado financeiro a procurar ativos de menor risco. Um dos movimentos observados é a saída de mercados emergentes, como o Brasil, em busca de ativos como ouro, dólares e títulos do tesouro americano. Diante dessa dinâmica, a retirada de recursos estrangeiros da bolsa brasileira se intensificou.

O cenário também afeta as relações comerciais do Brasil. O câmbio e as exportações de alguns produtos já sentem os efeitos das disputas internacionais e das desacelerações econômicas.

As relações comerciais do Brasil com EUA e China

Os dois protagonistas da guerra comercial são também os maiores parceiros de comércio do Brasil.

Nos primeiros sete meses de 2019, a China foi responsável por 27,9% das exportações brasileiras. A soja compõe 38% do valor total exportado para a China, seguida de petróleo (24%) e minério de ferro (18%). Em relação ao mesmo período em 2018, o montante comercializado do Brasil para a China caiu 1,5%, puxado pela queda de 22% nas exportações de soja para o país asiático.

Já os EUA compraram 13,4% de tudo que o Brasil exportou entre janeiro e julho de 2019. Os principais produtos comercializados foram produtos semimanufaturados de ferro ou aço (10%), petróleo (9,6%) e aviões (5,9%). Em meio às tarifas impostas por Trump à China, as exportações brasileiras aos EUA subiram 11,96% em relação ao mesmo período de 2018.

O terceiro maior parceiro comercial do Brasil é a Argentina, que nos primeiros sete meses de 2019 foi responsável foi 4,6% das exportações brasileiras. O valor total comercializado para o país vizinho caiu em mais de 40% em relação ao mesmo período no ano anterior. Esse movimento ocorre em meio à grave crise econômica e financeira argentina.

O câmbio e as exportações

Entre outros fatores, as tensões comerciais no mundo e a saída de dólares do Brasil têm levado o real a se desvalorizar perante o dólar. Em 20 de janeiro de 2017, quando Trump assumiu a presidência dos EUA, o dólar estava cotado em R$ 3,17. Em 22 de agosto de 2019, a moeda americana fechou o dia custando R$ 4,07, o que representa um aumento de 28,4% entre uma data e outra.

TRAJETÓRIA DO CÂMBIO

Quando uma moeda de um país se desvaloriza, isso faz com que os produtos desse local fiquem mais baratos no mercado internacional. A desvalorização cambial, portanto, tem como efeito estimular as exportações de um país. Da mesma forma, isso significa que as importações ficam mais caras, desestimulando a compra de produtos estrangeiros.

As exportações também dependem, no entanto, dos preços específicos de cada um dos produtos no mercado internacional. É possível, por exemplo, que o preço de um bem em dólar suba no mercado internacional a ponto de anular os efeitos do câmbio sobre o preço.

Além disso, as exportações dependem de compradores. Quando países importadores estão em desaceleração ou recessão econômica, as demandas por produtos externos caem, afetando os países que vendem esses bens. É o caso da China atualmente, cuja desaceleração afeta países exportadores.

A queda nas exportações do Brasil

Entre janeiro e julho de 2019, o Brasil exportou aproximadamente US$ 130,0 bilhões; no mesmo período de 2018, foram cerca de US$ 136,6 bilhões. Isso representa uma queda de 4,66%.

Outra forma de olhar para a trajetória das exportações é comparando os valores mês a mês. No entanto, há produtos que tendem a ser mais comercializados em determinada época. Isso porque eles são mais produzidos em um certo período – como produtos agrícolas cujas safras dependem do clima – ou porque eles têm demanda maior em um momento específico do ano – como ovos de páscoa em abril ou uvas passas no Natal. Esse efeito se chama sazonalidade.

Uma forma de amenizar a sazonalidade nos dados é calculando a média dos últimos 12 meses. Assim, cada observação considera a trajetória do último ano inteiro, o que atenua os picos e baixas da série histórica.

QUEDA EM 2019

Mesmo sob a nova ótica mensal dessazonalizada, as exportações brasileiras também apresentaram queda em 2019 – a baixa observada entre janeiro e julho foi de 2,66%.

Entre os seis principais produtos exportados pelo Brasil – soja, petróleo, minério de ferro, materiais de transporte, produtos metalúrgicos e carne, respectivamente – apenas o minério de ferro e a carne tiveram alta entre janeiro e julho de 2019, quando comparados com o mesmo período de 2018.

Soja

Entre janeiro e julho, o Brasil exportou US$ 22,14 bilhões de dólares de soja, o que representa uma queda de 18,82% em relação ao mesmo período do ano anterior (US$ 27,27 bilhões). Na série sazonal, a queda registrada foi de 13,08% entre o final de 2018 e o julho de 2019.

SOJA

A redução das exportações de soja está ligada à queda da demanda da China em meio à guerra comercial com os EUA e à desaceleração da economia chinesa.

Petróleo

Na série dessazonalizada, as exportações brasileiras de petróleo e derivados cresceram entre o início 2017 e junho de 2019. Em 2017, a alta foi motivada pelo aumento da produção, enquanto em 2018 o aumento do preço do barril ajudou a elevar as receitas.

PETRÓLEO

A queda observada em julho de 2019 se deve à menor demanda mundial por combustíveis, que ocorre diante da desaceleração da economia global.

Minério de ferro

As exportações de minério de ferro estão em alta. Em 2018, os números foram puxados pelo aumento da exportação da Vale. Em 2019, as exportações do produto caíram em decorrência da paralisação de parte da produção após o rompimento da barragem de Brumadinho.

MINÉRIO DE FERRO

Em julho de 2019, as exportações voltaram a crescer após a recuperação de parte da produção do minério de ferro no Brasil.

Materiais de transporte e componentes

O Brasil é um grande exportador de bens de transporte, como carros, aviões, motores e peças automotivas. Na série dessazonalizada, a venda desses produtos para o exterior apresentou alta de cerca de 15% entre o início de 2017 e o fim de 2018. Em 2019, porém, a tendência é de forte queda.

TRANSPORTE

A redução brusca entre janeiro e julho de 2019 está relacionada à redução da importação de carros brasileiros pela Argentina em meio à crise econômica e financeira que assola o país vizinho.

Metalúrgicos

Entre janeiro e julho de 2019, o Brasil exportou R$ 8,86 bilhões em produtos metalúrgicos, como ligas de ferro e produtos semimanufaturados de ferro ou aço. No mesmo período de 2018, o valor foi de R$ 8,88 bilhões – houve queda de 0,25%, com os números permanecendo quase estáveis.

METALÚRGICOS

A estabilidade se opõe ao crescimento observado em 2017, que foi de 8,63% no ano em questão.

Carne

A série dessazonalizada da exportação de carne mostra que as receitas de venda do produto para o exterior estão basicamente estáveis desde 2017. Os principais destinos das exportações são China e Hong Kong, que consomem boa parte das carnes bovina e suína produzidas no Brasil.

CARNE

A tendência é de que a alta observada em 2019 persista até o final do ano, uma vez que a China enfrenta um surto de peste suína africana e deverá elevar suas importações de carne.

FONTE: Nexo jornal

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