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Café do Brasil ganha espaço no mercado da China

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Brasil surfa na onda de alta do consumo de café na China.

Em setembro, os clientes da rede de cafeterias Mellower Coffee, com 80 lojas distribuídas por Xangai e Pequim, na China, poderão experimentar cafés de três regiões produtoras do sul de Minas Gerais e uma do oeste da Bahia. Quando clicarem no menu digital para escolher a bebida, os consumidores poderão, ainda, conhecer a história do produtor do grão enquanto degustam uma xicrinha.

Os depoimentos dos fornecedores brasileiros aparecem em vídeos de cerca de um minuto e meio cada um. As peças foram produzidas ao longo do mês de junho pelos organizadores da campanha — o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), que trabalha em parceria da Embaixada do Brasil — para integrar as ações de degustação nas lojas. Com a iniciativa, a ideia é criar interesse pelo produto e aproximação com quem o cultivou.

“Cada produtor responde o que gostaria que o consumidor que está do outro lado do mundo soubesse sobre o seu café”, conta Marcos Matos, diretor geral do Cecafé. “A proposta da campanha é apresentar as características do produto. Esse é um trabalho de paladar e cultura, com oportunidades de aumento de exportações de café verde”.

Com a iniciativa, os exportadores pretendem ampliar os embarques do grão verde, mas, também, criar oportunidades em outras frentes de negócios, como a de cafés industrializados.

Disputa acirrada

A disputa pela preferência dos consumidores chineses tem se intensificado porque o consumo da bebida café no país está em franca ascensão. Hoje, 330 milhões de pessoas já consomem café na China, um universo que já é maior que a população do Brasil. Em volume, o consumo dos chineses ainda é menor que o dos brasileiros, mas o ritmo de expansão — o número é 70% superior aos 193 milhões de chineses que bebiam café há apenas oito anos — atesta o cenário favorável. Gigantes como a rede Starbucks, que nos últimos anos adotou uma estratégia mais agressiva, e a Louis Dreyfus Company (LDC), que há pouco mais de um ano anunciou uma joint-venture com a rede local Luckin Coffee para investir em uma torrefadora, são apenas alguns nomes que já detectaram esse potencial.

Os dados sobre o aumento do consumo aparecem em um levantamento feito por consultorias locais, com apoio do Cecafé, Apex Brasil, Embaixada Brasileira e Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), concluído no fim do ano passado. Segundo a pesquisa, os novos consumidores chineses de café são jovens que veem a bebida como um hábito refinado. O grupo é formado por pessoas de 20 a 34 anos, das quais 60% são mulheres. O café solúvel (feito principalmente a partir da variedade robusta) ainda é a primeira opção para a maioria, com 52,4% da preferência, mas o torrado e moído já aparece em segundo lugar, com 36,5%. Esse diagnóstico é um importante indicativo de tendência que favorece os exportadores do arábica, do qual o Brasil é o principal produtor global, acrescenta Matos

Minasul busca espaço

A cooperativa Minasul, de Varginha (MG), é uma das exportadoras brasileiras que buscam espaço no mercado chinês. José Marcos Rafael Magalhães, dirigente da cooperativa mineira — a segunda maior do país em embarques de café, com receita de R$ 1,5 bilhão —, conta que o trabalho da central inclui conversas para criar parcerias com o varejo e torrefadoras locais. Em 2018, a Minasul abriu um escritório perto de Xangai e o outro em Taipei, em Taiwan. A cooperativa, que exporta ao todo 450 mil sacas por ano para 40 países, mantém estruturas também nos Estados Unidos e na Europa.

A parceria com indústrias é uma forma de lidar com alguns desafios, como a tarifa de importação. De acordo com o Cecafé, a taxa é de 15% para o torrado e moído, bem acima da cobrada sobre o grão verde, de 8%.

Um dos “namoros” da Minasul é com a dona de uma rede varejista, que se aproximou da cooperativa em uma feira de alimentos pouco antes do início da pandemia de covid-19. “Com o escritório, pudemos estreitar laços”, diz Magalhães. A presença local permite à cooperativa manter estoques de cafés 24 horas na metrópole chinesa, além de ser um chamariz para conversas mais constantes com empresários. Segundo Magalhães, os embarques de cafés verdes especiais para a China vêm crescendo cerca de 35% ao ano desde a abertura dos escritórios.

Manter estrutura física no país pode ser um trunfo a mais nas negociações para vender a um mercado com escalas que são, muitas vezes, colossais. A varejista citada por Magalhães, por exemplo, tem uma rede com seis mil lojas — e, ainda assim, segundo o dirigente, a dona da varejista ficou constrangida de revelar o número por considerar seu próprio negócio pequeno para a operação.

Nos últimos cinco anos, os embarques brasileiros de café para a China aumentaram 140%, para 202,2 mil sacas, e a receita dobrou, chegando a US$ 30 milhões em 2020. Só nos primeiros cinco meses de 2021, as exportações passaram de 155 mil sacas e renderam US$ 24 milhões, quase o desempenho do ano passado todo.

FONTE: Valor

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