Em entrevista coletiva no Itamaraty, o ministro defendeu flexibilizar as normas do bloco.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu nesta terça-feira uma flexibilização do Mercosul para permitir que seus quatro sócios possam acelerar negociações de acordos de livre comércio conforme seus interesses individuais.
Uma decisão adotada pelo bloco em 2000 obriga Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai a discutirem tratados comerciais sempre de forma conjunta. Com uma eventual mudança de regra, cada país poderia fazer sua própria abertura a produtos estrangeiros em intensidades e velocidades diferentes. Os quatro sócios compartilham uma Tarifa Externa Comum (TEC) para importações.
Araújo defendeu flexibilizar o Mercosul “para dar mais velocidade à negociação de acordos quando [houver] disposição diferente” de cada sócio. “Esperamos que isso nos permita negociar muito mais rápido com todas as economias que sejam relevantes”, disse o chanceler em entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty.
Entre os alvos elencados pelo ministro estão Índia e Japão. Ele também mencionou negociações já em andamento (Coreia do Sul) e outras já autorizadas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), como com Vietnã e Indonésia.
“Continuamos com planos de negociações mais profundas com os Estados Unidos e outros parceiros”, acrescentou.
O Tratado de Assunção, base jurídica inicial do Mercosul, completa 30 anos em 26 de março. Os presidentes dos quatro países, incluindo Jair Bolsonaro, devem se reunir em uma cerimônia para celebrar a data – possivelmente em Buenos Aires ou na tríplice fronteira. Uma das hipóteses é anunciar essa flexibilização já nessa “minicúpula”.
Na entrevista, Araújo argumentou que a economia brasileira não deve prescindir do desenvolvimento da indústria e apostar suas fichas unicamente no agronegócio, bem como em um salto que “pule etapas” rumo a uma economia de serviços.
FONTE: Valor Econômico