Pesquisa da Agricultura Municipal, do IBGE, indica que o estado registrou aumento de 12,5% no valor da produção no ano passado, com dados de 50 produtos em 63 levantados
A Pesquisa da Agricultura Municipal (PAM) 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quinta feira passada, registrou aumento de 12,5% no valor da produção agrícola em Minas Gerais em relação ao ano anterior. O resultado é em virtude de recordes na produção de café, soja e desempenho da cultura de cana-de-açúcar, os três principais produtos, além da batata-inglesa.
Em 2018, a produção de seis produtos já corresponde a mais de 87% do valor total da produção agrícola de Minas. Dos 63 produtos levantados pela PAM, Minas tem informação para 50. Os dados são da produção apenas na agricultura (não inclui pecuária, silvicultura e extração vegetal), posicionando o estado em quinto lugar nacional, totalizando o valor de R$ 35,1 bilhões, atrás dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, aproximando-se do Rio Grande do Sul (R$ 38,4 bilhões).
Se considerar apenas o café arábica, cujo maior produtor é Patrocínio, no Alto Paranaíba, entre os 10 maiores municípios produtores, oito estão em território mineiro. Entre os 10 maiores produtores nacionais de cana-de-açúcar, destaque para Uberaba (3º) e Frutal (9º), enquanto para o feijão, Unaí é o principal produtor nacional, e Paracatu, o 3º. A batata-inglesa tem em Perdizes a maior produção, seguido de Santa Juliana (6º) e Sacramento (10º).
A fruticultura também tem papel destacado no estado, gerando um valor bruto da produção próximo de R$ 2,1 bilhões, com destaque para a produção de banana. Minas Gerais é o 4º estado com maior valor bruto da produção da fruticultura no país, ficando atrás de São Paulo (destaque para a laranja), Pará (destaque para o açaí) e Rio Grande do Sul (destaque para uva e maçã).
A assessora técnica da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Creuma Damásio Viana, chama a atenção para dois produtos que influenciaram positivamente no resultado da produção de grãos no estado em 2018, que chegou a 13,7 mil toneladas (crescimento de 0,41%): o café bateu recorde de safra, foram colhidos 32 milhões de sacas de 60 quilos.
As safras desse grão resultam na bienalidade, em anos pares são as melhores. Os municípios com maior produção foram Patrocínio, com 1,4 milhão de sacas, um crescimento de 47%, Três Pontas, 721,6 mil sacas, crescendo 60% em relação a 2017, seguido de Campos Gerais, 659,5 mil. Serra do Salitre apresentou o maior crescimento no estado, chegando aos 150,8% em relação ao ano passado. O município foi responsável por 628 mil sacas, seguido por Machado, com 598 mil (crescimento de 30%).
”O que alavancou os preços da soja foi o mercado internacional, influenciado pela briga comercial entre Estados Unidos e China”
EXPORTAÇÃO DE SOJA
A soja, com 5,4 milhões de toneladas (crescimento de 2,25%), também bateu recorde de exportação em grãos, óleo e farelo, e o algodão com crescimento expressivo de 32,34%, que chegou a 92,6 mil toneladas, com expansão da área de plantio 18,92%, segundo Creuma, com aumento da demanda externa ao algodão em caroço.
O estado é o maior produtor de batata-inglesa e a safra do tubérculo registrou crescimento de 21,85% no ano passado, atingindo 1,1 milhão de toneladas, com expansão de área de plantio em 21,2%. O uso de tecnologias de ponta no processamento resultou na exportação de 221 toneladas, gerando US$ 317 mil. Do valor total de exportação, a batata processada respondeu por 87%, sendo que desse percentual, 61% foi para os Estados Unidos.
Alguns municípios se destacaram na expansão da área plantada e produção, como o caso de Ipiuna, com 39 mil toneladas da batata, apresentando crescimento de 124% em relação ao ano anterior, com expansão das plantações em 165,5%. E Delfinópolis vem mostrando bom desempenho a cada ano no cultivo da banana e já é o segundo produtor do estado. Entre 2014 e 2018, o município viu a produção da fruta crescer 94%. No ano passado foram 51,2 toneladas, perdendo ainda para Jaíba com resultados de 211 mil toneladas. A produção no município no Norte de Minas cresceu 36% com expansão de área de plantio de 22,9%. Os dois maiores produtores.Continua depois da publicidade
PAÍS BATEU RECORDE EM 2018
O valor da produção agrícola brasileira bateu recorde em 2018, atingindo R$ 343,5 bilhões, uma alta de 8,3% em relação a 2017. Esse cenário foi impulsionado pelo aumento nos preços de commodities como soja (13,6%), algodão (52,3%) e café (22%), num ano em que a safra de grãos caiu 4,7% e a área colhida, 0,5%. A supervisora da Pesquisa, Larissa Leone, explica que, com exceção do café, o contexto internacional teve papel decisivo na alta dos outros dois produtos.
“O que alavancou os preços da soja foi o mercado internacional, influenciado pela briga comercial entre Estados Unidos e China”, explica. Segundo ela, houve um processo de tarifação envolvendo os dois países. Com isso, a China tarifou a soja que era importada dos EUA, fazendo com que os compradores chineses buscassem outros países para trazer um produto mais barato. “Isso, somado à quebra de safra na Argentina, o principal concorrente sul-americano do Brasil, potencializou o país como principal exportador mundial”, acrescenta a supervisora.
A supersafra de grãos de 2017 não foi superada em 2018. Mesmo com os acréscimos de 29% na produção de algodão herbáceo (caroço), 43,5% na aveia, 2,8% na soja e 24,8% no trigo, o recuo de 16% na produção do milho – equivalente a 15,6 milhões de toneladas –foi fator predominante para o decréscimo de 4,7% no total produzido pelo grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, que ficou em 227,5 milhões de toneladas.
O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, esclarece que apesar da queda significativa na produção de milho, o valor da produção foi bem mais alto que o ano anterior (14,1%). “A gente teve recorde de soja, recorde de café e queda no milho. Se você olhar o valor de produção do milho, ele está mais alto que em 2017. O preço foi lá para cima. A gente teve queda aqui, queda na Argentina. Então, faltando milho no mercado, o preço subiu bastante”, diz.
FONTE: Estado De Minas