Divisão logística escoa produção agrícola do Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Ganhando cada vez mais destaque no setor portuário, o Ceará pode alavancar suas operações ao integrar o Arco Norte – uma área estratégia que abrange portos do Norte e Nordeste.
A divisão logística escoa boa parte da produção agrícola das duas regiões e do Centro-Oeste, principalmente soja, milho e outros granéis. O arco busca se tornar o corredor mais competitivo de exportação de commodities do Brasil.
Entre os terminais que integram a área, estão os portos de São Luís (MA), Salvador (BA), Santarém (PA) e Itacoatiara (AM).
Para Gabriela Costa, diretora-executiva da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), uma das soluções de crescimento da área pode ser realizar o escoamento via Ceará.
“É natural que os portos do Ceará sejam soluções logísticas interessantes. Dependendo do que surja de necessidade de escoamento de carga do Arco Norte, é uma possível solução fazer escoamento via Ceará”, aponta.
A executiva, que participou da Expolog 2024 em Fortaleza, destaca que integrar a área logística é uma boa oportunidade de negócio para o Estado. O Arco Norte foi responsável por 40% das exportações de milho e soja de janeiro a agosto, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Considerando todas as cargas exportadas para além dos granéis, entre contêineres, minério e combustíveis, o percentual chega a 32%.
A expectativa é que o arco chegue à capacidade instalada de 100 milhões de toneladas de grãos nos próximos cinco anos, segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), que estabelece interlocução para intensificar o centro logístico.
PORTO DO MUCURIPE TEM INTERESSE
O Porto de Fortaleza, no bairro Mucuripe, tem interesse em aderir ao Arco Norte. O diretor-presidente da Companhia Docas do Ceará, Lucio Gomes, destaca que são realizados investimentos para que o terminal se torne apto a realizar o transporte das commodities.
“Faz parte do plano estratégico da Companhia Docas do Ceará modernizar a infraestrutura do porto, garantindo aos diversos parceiros as condições para o crescimento da movimentação. A empresa está investindo vultosa quantia em consultorias e projetos para a garantia dessa participação”, aponta Gomes.
Já o Porto do Pecém, o maior do Ceará em movimentações, não tem nenhuma negociação oficial sobre o tema.
O Arco Norte abrange cinco portos públicos e diversos terminais portuários privados.
BUSCA PELA REDUÇÃO DE CUSTOS
A articulação do Arco Norte tem como principal objetivo reduzir os custos logísticas, explica o especialista em despacho aduaneiro Augusto Fernandes, da JM Negocios Internacionais, Augusto Fernandes.
“Essa cadeia logística visa juntar transporte aquaviário, rodoviário e portuário. Essa solução é desejada para escapar do Porto de Santos, que tem o maior custo da América Latina”, aponta.
Os portos do Nordeste, que foram integrados ao Arco Norte mais recentemente, ganham relevância devido à distância para os principais mercados consumidores das commodities: Europa e Ásia.
O especialista destaca que o centro logístico deve investir em aumentar a competitividade para reduzir os custos da produção brasileira.
“A China tem feito seu trabalho de casa e já tem um porto na América Latina [no Peru]. Ela pode ter pretensão de integralizar tudo em um porto próprio, o que não favorece o Brasil, porque os custos logísticos beneficiariam outro país”, comenta.
FONTE Diário do Nordeste