Segundo especialistas, a redução tem relação com a desaceleração da economia global e deve permanecer nos próximos meses devido aos efeitos do coronavírus
A receita das exportações de Minas Gerais caiu 17,6% no acumulado de janeiro e fevereiro deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, de US$ 4 bilhões para US$ 3,3 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia. A queda do valor das vendas externas do Estado foi duas vezes maior do que a do país, onde as exportações caíram 8,5% na mesma comparação. Segundo especialistas, a redução tem relação com a desaceleração da economia global e deve permanecer nos próximos meses devido aos efeitos da epidemia de coronavírus.
A China é o principal parceiro comercial de Minas Gerais e, no ano passado, comprou mais de 30% de toda a produção mineira enviada para o exterior. Nos dois primeiros meses de 2020, no entanto, as vendas de Minas para os chineses caíram 26,8% em comparação com o mesmo período de 2019, e a participação do país asiático no total de exportações do Estado diminuiu para 24,9%.
Minas é o terceiro maior Estado exportador do país e envia para fora, principalmente, minério de ferro e seus concentrados, café não torrado, ferro-gusa, aço e ferroligas – as vendas de todos esses produtos caíram nos dois primeiros meses de 2020. No caso do minério de ferro, a queda foi de 20%.
“A redução tem a ver com questões operacionais da mina de Brucutu, da Vale, e com as fortes chuvas que aconteceram em Minas; isso atrapalha tanto a operação da produção quanto os embarques de minério de ferro”, afirma a gerente de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Cinthia Rodrigues.
Segundo o professor de economia do Ibmec Luiz Carlos Day Gama, os impactos do coronavírus também já se manifestam nos resultados. “Minas Gerais sofre um pouco mais do que o país por causa do minério de ferro. Ainda há efeitos de Brumadinho na produção, e a China compra mais de 60% de todo o nosso minério”, explica. De acordo com ele, a crise na Argentina, para onde as exportações mineiras caíram 20%, e o atraso no plantio e na colheita de soja – produto cujas receitas de vendas ficaram 66% menores – também contribuíram para o resultado.
Para o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Izak Carlos Silva, o resultado reflete a desaceleração da economia global, e os efeitos do coronavírus só vão se manifestar nos dados a partir do próximo mês. “A tendência é de queda nas exportações de Brasil e Minas para a China e de importações do país também. O coronavírus está travando a cadeias de oferta e demanda”.
Importações caem 7%
As importações também começaram o ano em queda em Minas Gerais e ficaram 7% menores no acumulado de janeiro e fevereiro, totalizando US$ 1,346 bilhão, ante US$ 1,448 bilhão no mesmo período de 2019, conforme o Ministério da Economia. O Estado importa, principalmente, adubos e fertilizantes químicos, veículos de passageiros e carvão.
“A queda pode ser explicada pelo desaquecimento chinês, atrelado a um cenário nosso também, de câmbio desvalorizado. O dólar muito alto no período desestimula as compras externas”, afirma o professor de economia do Ibmec Luiz Carlos Day Gama.
Com a queda das exportações e das importações, Minas Gerais registrou superávit de US$ 1,97 bilhão nos dois primeiros meses do ano. “A economia de Minas depende muito da exportação, sobretudo de minério e café. Para o Estado, com a crise fiscal que se passa, é sempre importante ter superávit. Mas, quando se vê queda tanto nas exportações quanto nas importações, o alerta é de queda da atividade de econômica”, pontua.
FONTE: O Tempo
