Apesar da valorização cambial, em favor do exportador brasileiro, Mato Grosso encerrou o primeiro trimestre de 2020 com perda de receita em relação ao mesmo momento do ano passado. De acordo com a Balança Comercial do Agronegócio, elaborada pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Estado registrou retração de 5,66%. Nesses primeiros três meses do ano, a pauta estadual faturou US$ 4 bilhões, ante US$ 4,24 bilhões acumulados entre janeiro, fevereiro e março de 2019.
Ainda conforme dados divulgados ontem, Mato Grosso – que é o maior produtor nacional de grãos e fibra do Brasil – lidera o comércio exterior, com participação de 18,73% sobre o saldo nacional. São Paulo com receita de US$ 3,46 bilhões responde por 16,22% de todo o volume negociado no país, sendo o segundo maior estado exportador. O Paraná, com participação de 12,98%, movimentou US$ 2,77 bilhões, sendo o terceiro maior exportador nacional.
Em janeiro, Mato Grosso movimentou US$ 1,03 bilhão, em fevereiro mais US$ 1,42 bilhão, e US$ 1,64 em março, o melhor momento no período.
Em outra análise sobre o desempenho do comércio exterior e da pauta mato-grossense, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), destaca para os volumes recordes de soja em grão registrados no mês passado. “As exportações de soja, em março, foram recordes em nível Brasil, com cerca de 11,64 milhões de toneladas exportadas em todo o país, sendo que desse total, 3,16 milhões t originadas em Mato Grosso, alta de 139,29% e 15,93% ante os embarques de fevereiro, respectivamente”.
O acumulado das exportações da soja em grão de Mato Grosso, no primeiro trimestre de 2020, já soma 6,24 mi de toneladas, acompanhando o mesmo ritmo de 2019, quando havia exportado 6,52 mi de toneladas no mesmo período. “O alto patamar do dólar vem resultando em um preço mais atrativo da soja brasileira ao mercado internacional, além de que a colheita se encaminha para a reta final no Estado, evidenciando uma alta oferta do produto. Com isso, espera-se que os embarques permaneçam fortes neste ano, porém, vale lembrar que a China e os EUA possuem um acordo assinado, o que pode modificar esse cenário caso a China volte suas atenções à soja norte-americana nos próximos meses”, alertam os analistas do Imea.
A soja em grão é o carro-chefe das exportações mato-grossenses e foi responsável por 53% do faturamento contabilizado no trimestre. O algodão foi o segundo produto mais movimentado da pauta, participação de 16% sobre a receita estadual. Os embarques de carne bovina geraram 8,9% do faturamento e o milho respondeu por outros 5,6% dos mais de US$ 4 bilhões contabilizados de janeiro a março, em Mato Grosso.
BRASIL – As exportações do agronegócio brasileiro de março não foram afetadas negativamente pela pandemia do novo coronavírus. As vendas externas no mês foram de US$ 9,29 bilhões, com expansão de 13,3% em relação a março do ano anterior (US$ 8,20 bilhões), crescimento em valores absolutos de US$ 1,09 bilhão.
As exportações do agronegócio subiram em função do aumento da quantidade exportada (18,8%). Já o índice de preço dos produtos exportados caiu 4,7%, de acordo com a Balança Comercial do Agronegócio.
Os três produtos responsáveis pelo incremento das exportações do agronegócio foram soja em grão (US$ 3,98 bilhões), açúcar (US$ 441 milhões) e carne bovina in natura (US$ 555 milhões).
De acordo com a SCRI, a participação da China nas exportações agropecuárias brasileiras passou de 34,2% (março/2019) para 41% (março/2020). As exportações de soja e carne bovina in natura ocorreram, principalmente, para esse país asiático.
As vendas de soja em grão para o mercado chinês subiram de 5,9 milhões de toneladas (US$ 2,10 bilhões) para 8,8 milhões de toneladas (US$ 3,02 bilhões).
A China foi mais uma vez o destaque nas aquisições de carnes, com US$ 451,45 milhões (+101,1%), praticamente, a terça parte do valor total exportado pelo Brasil. Em março do ano passado as vendas foram de US$ 224,52 milhões.
No primeiro trimestre de 2020, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 21,39 bilhões. A participação do setor agropecuário no total das exportações brasileiras foi de 43,2%, superior aos 42% registrados em 2019. Alguns produtos apresentaram crescimento significativo: soja, carnes, algodão, amendoim, uvas e sucos.
As importações do agronegócio alcançaram US$ 1,28 bilhão, em março deste ano (12,3%). Portanto, o saldo comercial da balança ficou em US$ 8 bilhões, com a participação do agro nas exportações totais brasileiras em 48,3%.
FONTE: Diário de Cuiabá
