Ceará exporta pedras ornamentais sem valor agregado

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Desde 2016, há a expectativa, até agora frustrada, da chegada de industriais capixabas e cearenses para beneficiar mármores e granitos na ZPE do Pecém

Alguns dos mais belos e caros mármores e granitos que hoje emolduram grandes monumentos públicos e privados no mundo, como o Aeroporto Internacional de Dubai, nos Emirados Árabes, foram extraídos do chão cearense.

O Ceará faz a maior festa para dizer que, no ano passado, as exportações dessas rochas ornamentais alcançaram US$ 44,5 milhões. É quase nada, se comparado com o que exportaria se o produto exportado tivesse valor agregado.

O próprio presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos (Simagran) do Ceará, Carlos Rubens Alencar, faz questão de aduzir e, ao mesmo tempo, lamentar a notícia de que estamos exportando apenas matéria-prima, ou seja, grandes blocos de pedra, sem qualquer beneficiamento industrial.

A agregação de valor – por meio do beneficiamento – faz-se ou no estado do Espírito Santo, líder brasileiro da produção e exportação de mármores e granitos, ou na Itália, ou nos EUA ou na Ásia, para onde é exportada essa riqueza cearense. É lá que esses blocos de pedras se transformam em peças preciosas para a arquitetura europeia, norte-americana e asiática.

Rubens Alencar, assim como esta coluna, aflige-se diante de uma questão que, se rápida e eficazmente resolvida, teria imediato efeito na balança comercial cearense, cujos mármores e granitos poderiam incluir-se entre os primeiros produtos da pauta de exportação estadual.

O que está à vista de qualquer leigo é um problema – falemos a verdade – de incompetência empresarial e, também, de desprezo governamental. A Zona de Processamento para Exportação (ZPE) do Pecém já deveria estar sediando um conjunto de empresas cearenses e capixabas cujos donos celebraram nesse sentido, em 2016, um acordo com o governo do Ceará. Esse acordo deu em nada, e tudo ficou por isto mesmo, até hoje.

Resultado: continuam saindo dfaqui, todas as semanas, milhares de toneladas de blocos de mármores e granitos do Ceará transportados em caminhões ou em navios que os levam para os portos de Vitória (ES), da Europa, dos EUA e da Ásia, onde são beneficiados por uma indústria especializada. O que vale US$ 100 passa a valer US$ 1 mil depois do beneficiamento. Por que a mineração cearense segue patinando, sem capacidade de agregar valor industrial às suas rochas ornamentais?  

O presidente do Simagran Ceará, Carlos Rubens Alencar, disse ontem à coluna:

“Uma grande preocupação do nosso setor é a falta de incentivos, visando o incremento da industrialização que agregaria valor às exportações que hoje, na quase totalidade, são de matéria prima. Adicionalmente, algumas prefeituras do Noroeste do estado estão dificultando a concessão das anuências municipais, que permitem à Semace, o único órgão licenciador, examinar a sustentabilidade dos empreendimentos.”

O líder da indústria cearense de mármores e granitos – que deveria existir para beneficiar a matéria-prima – reconhece que falta agregar valor às belíssimas rochas do Ceará, cujas minas se localizam na região Norte do estado, principalmente no município de Santa Quitéria e no seu entorno.

Esta coluna entende que, se o governo cearense, por meio de sua Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), fizer um esforço concentrado, falando diretamente com os líderes dessa indústria no Espírito Santo e em Minas Gerais (segundo maior produtor nacional), talvez se acenda uma luz no fim desse túnel aberto em 2016, quando 15 empresas capixabas e cearenses e a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém assinaram uma manifestação de interesse de instalar-se na ZPE. Por causa disso, algumas delas chegaram aqui e hoje operam na exclusiva extração e exportação de mármores e granitos em estado bruto.

O Espírito Santo – que tem em seu solo mármores e granitos não tão bonitos quanto os do Ceará – extrai e beneficia suas rochas, exportando-as com valor agregado, ou seja, mais do que dobrando sua receita em dólar.

Ainda há tempo de mudar essa situação, transformando os mármores e granitos cearenses em líderes da exportação do estado. O governo e o empresariado, via Fiec, devem dar-se as mãos para a construção de uma solução que permita a industrialização das pedras naturais cearenses.

FONTE Diário do Nordeste

FOTO Natinho Rodrigues / SVM

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