Brasil simplifica importação de trigo da Argentina e acelera processo de abastecimento para moinhos

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Iniciativa atende ao pleito de entidades que representam o setor importador do cereal no Brasil

Foz de Iguaçu, Paraná* — O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou nesta quinta-feira, 24, que simplificará a importação de trigo da Argentina, principal fornecedor do cereal ao Brasil. O anúncio foi feito durante o 31º Congresso Internacional da Indústria de Trigo.

A partir de 1º de dezembro de 2024, 90% do trigo importado da Argentina poderá chegar diretamente aos moinhos brasileiros para processamento, sem a necessidade de armazenamento em silos alfandegados, de acordo com Allan Alvarenga, secretário de Defesa Agropecuária do Mapa. “Nosso objetivo com isso é simplificar o processo sem perder a segurança para o país”, destacou.

Atualmente, o trigo importado passa por um processo de armazenamento em silos alfandegados para inspeção e análise de pragas. Somente após essa verificação a Receita Federal cobra os valores da carga, o que costuma levar até 48 horas úteis. Com a nova medida, esse procedimento será agilizado, reduzindo o tempo para apenas seis horas.

Apenas 10% da carga continuará sendo retida para inspeção de pragas, o que tornará o processo de importação mais ágil, facilitando a chegada do trigo ao mercado brasileiro e acelerando o abastecimento das indústrias moageiras.

A iniciativa atende a uma solicitação da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), que representam o setor de trigo no Brasil.

No ano passado, um projeto-piloto foi implementado no Porto de Santos, o principal ponto de entrada do trigo argentino. Segundo estimativas da Abitrigo, o Porto de Santos movimenta aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de trigo por ano, sendo o maior volume de importação proveniente do Mercosul no país.

Para Eduardo Assêncio, superintendente geral da Abitrigo, a medida representa um importante avanço para o setor, especialmente no que diz respeito à atuação dos órgãos públicos, como o Mapa e o Ministério da Fazenda, que se uniram para simplificar a importação do trigo argentino, uma prática que já ocorre há 60 anos.

“Foi um trabalho em conjunto que vai reduzir as perdas e melhorar os processos para quem importa e precisa produzir”, afirmou ele à EXAME. Assêncio também destacou que o Mapa está avaliando a possibilidade de expandir a medida para outros países do Mercosul, como Uruguai e Paraguai, além de considerar Estados Unidos e Canadá como novos parceiros no processo de importação.

Safra 2024/25 de trigo da Argentina

Argentina deve colher 21 milhões de toneladas de trigo na safra 2024/25, segundo projeções da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) — as estimativas indicam que o país vizinho irá plantar 6,94 milhões de hectares, um aumento de 1,4 milhão de hectares em relação à safra anterior.

Na visão de Jonatan Pinheiro, analista da StoneX, a expectativa de uma safra robusta na Argentina pode pressionar os preços do trigo no mercado, resultando na queda dos preços do pão. “Imaginamos que haverá uma pressão de safra, fazendo com que o mercado ceda um pouco”, afirmou. Ele destacou que este momento é interessante para as indústrias, favorecendo a compra e contribuindo para uma melhor precificação no mercado interno.

No ano passado, a Argentina exportou 2,26 milhões de toneladas de trigo para o Brasil, mostram dados da Abitrigo. No entanto, a participação argentina foi impactada pela quebra de safra. Projeções indicam que a colheita da safra 2023/24 foi reduzida para pouco mais de 15 milhões de toneladas por causa de condições climáticas adversas

FONTE Exame

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