O resultado fez com que esses produtos têxteis passassem da terceira para a segunda posição entre os itens cearenses mais vendidos para a Colômbia no primeiro semestre do ano, atrás apenas de calçados de borracha ou plástico.
As exportações cearenses de tecidos de algodão, fios de diversas cores e denim para a Colômbia somaram US$ 1,05 milhão no primeiro semestre deste ano, um salto de 70,77% em comparação com igual período de 2018 (US$ 619 mil).
O resultado fez com que esses produtos têxteis passassem da terceira para a segunda posição entre os itens cearenses mais vendidos para a Colômbia no primeiro semestre do ano, atrás apenas de calçados de borracha ou plástico, (US$ 5,6 milhões).
Os dados são do Comex Stat e evidenciam os impactos positivos para o Ceará gerados pelo acordo entre Mercosul e Colômbia, em vigor há pouco mais de um ano e meio, que zerou as tarifas de exportação do setor têxtil.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil-CE), Rafael Cabral, as exportações de produtos cearenses para a Colômbia – e também para outros países – poderiam ser ainda maiores se o custo da produção do Brasil não fosse tão elevado e o câmbio não variasse muito, mantendo o dólar em um patamar atrativo.
“Nós temos um Custo Brasil elevado. Então, só vale a pena exportar com o dólar no patamar de R$ 3,80 a R$ 4. Se o dólar cai, nós não temos como competir com outros produtos têxteis que chegam à Colômbia, vindos de países asiáticos, por exemplo. Assim, mesmo com o acordo comercial, enfrentamos o problema do Custo Brasil e da oscilação cambial”, explica Rafael Cabral.
O dólar comercial iniciou 2019 cotado a R$ 3,80 e alcançou o valor máximo de R$ 4,10 no dia 20 de maio, quando passou a cair novamente.
Na sessão da última sexta-feira, 2, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,89. Pelas projeções divulgadas semanalmente no Boletim Focus, do Banco Central do Brasil, o dólar deve encerrar este ano cotado a R$ 3,75. Para 2020, a projeção é que o dólar fique em torno de R$ 3,80.
Apesar dos desafios, o potencial dos setores têxtil e de confecção do Ceará é ressaltado por representantes dessas duas cadeias produtivas.
“A indústria têxtil cearense tem como diferenciais a criatividade, o compromisso, a tecnologia e a força do povo local, que é única. Em termos de indústria têxtil, da fabricação de fios e tecidos, nós somos uma das mais modernas do Brasil”, garante o presidente do Sinditêxtil-CE.
A proximidade com grandes mercados consumidores internacionais, a exemplo da Colômbia, e a oferta de produtos diferenciados são outros pontos a favor do Estado.
“O Ceará está entre os maiores produtores têxteis do Brasil, possuindo, ainda, uma localização geográfica privilegiada que favorece os negócios com a Colômbia e também com outras partes do mundo, como o continente africano. Além disso, o Ceará tem algo que poucos estados do Brasil têm, que é a inserção da cultura, do artesanato, nos seus produtos”, destaca o presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone.
Para ele, a participação em eventos internacionais, a exemplo da Colombiatex, que ocorre anualmente em Medellín, considerada a maior feira do setor têxtil da América Latina, é um dos caminhos para a aproximação comercial e a realização de mais negócios impulsionados pelo acordo comercial que zerou as tarifas para o setor têxtil.
Opinião semelhante tem o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário no Estado do Ceará (Sindroupas), Lélio Matias. De acordo com ele, apesar de o cenário ainda continuar difícil para o setor, os empresários têm implementado ações que buscam ajudar a agregar valor aos negócios, como a realização de eventos e a participação em feiras internacionais como a Colombiatex e a Itma, que ocorreu no último mês de junho, em Barcelona (Espanha).
“Na parte de vestuário, a procura estrangeira é mais por calçados e moda praia. A lingerie também tem participação. Outros segmentos também têm conseguido marcar espaço. A gente percebe que a procura vem crescendo, mas ainda não é um número muito expressivo. Para fortalecer mais a cadeia da moda, precisamos de ações como incentivo ao crédito, tecnologia e inovação e capacitação para mudar o perfil do profissional que está atuando nesse setor. Além disso, nós não abrimos mão das missões internacionais”, afirma Lélio Matias.
FONTE: Diário do Nordeste