Expansão do agro deixa Terminal de Grãos do Maranhão no limite

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Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) projeta investimentos de R$ 1,6 bilhão para iniciar a fase 3 de obras de ampliação do porto de Itaqui

Projetado para atender uma capacidade anual de 5 milhões de toneladas de grãos, o Tegram, que entrou em operação no ano de 2015, logo se viu pequeno diante do incrível desenvolvimento do agronegócio no Brasil na última década, surpreendendo os próprios concessionários, que construíram a primeira expansão do porto para 10 milhões de toneladas, também rapidamente superada.

Para se ter ideia, ao final do ano de 2023, o Terminal de Grãos de Maranhão havia embarcado 15,4 milhões de toneladas, mais de 50% acima de sua capacidade projetada.

Um levantamento da projeção da safra brasileira de grãos realizado pela Agência Safras & Mercado a pedido do Consórcio Tegram-Itaqui mostrou um panorama das culturas de soja, farelo de soja, milho e sorgo até a safra de 2032-33, projetando tanto o crescimento em volume quanto em área plantada no País e, em particular, na área de abrangência do porto, que inclui a região do Mapito (Maranhão, Piauí e Tocantis), além do nordeste do estado do Mato Grosso.

Para as culturas movimentadas no Arco Norte, o estudo estima o aumento do volume e área plantada considerando o período entre as safras de 2023-24 para a safra 2032-33.

• A produção de soja do Mapito e NE-MT deve subir de 21,9 milhões de toneladas para 29,9 milhões de toneladas, uma alta de 36,1% no período, enquanto a produção de milho nessa área deve aumentar 34,5%, saltando de 13,2 milhões para 17,8 milhões de toneladas.
• Já a produção de farelo de soja deve ser 9,1% maior, saindo de 1,8 milhão para 1,9 milhão de toneladas.
• Nacionalmente, a produção de soja deve crescer 19,1%, partindo de 163,2 milhões para 194,5 milhões de toneladas, a de milho deve crescer 14,3%, saindo de 137,4 milhões para 157 milhões de toneladas, e a de farelo de soja deve aumentar 5,6%, saltando de 40,5 milhões para 42,7 milhões de toneladas.

Sobre a área plantada, o estudo também projeta expansão de 36% somente no Mapito e NE-MT, passando dos atuais 6 milhões de hectares para 8,2 milhões de hectares. Em todo o País, a área deve aumentar 16,8%, saindo de 45,6 milhões de hectares para 53,3 milhões de hectares. Para o milho, a área plantada deve expandir 24%, indo de 2,3 milhões de hectares para 2,8 milhões de hectares no Mapito, e subir 8,1% no restante do Brasil, de 22 milhões de hectares para 23,8 milhões.

Confirmando a pujança do agronegócio do país e da região do Arco Norte, o estudo indica a necessidade de maior infraestrutura para escoamento da produção. Diante dos dados e das projeções animadoras, o consórcio que administra o terminal maranhense (formado por TCN, Viterra, CLI e ALZ Grãos) protocolou um pedido de renovação antecipada do contrato da concessão portuária, que vencerá em 2037, com a intenção de estendê-lo até 2062.

Marcos Pepe Bertoni, presidente do Tegram e diretor de operações da CLI (Corredor de Logística e Infraestrutura), que opera o terminal, afirmou à DINHEIRO RURAL que a expansão do terminal vai receber investimentos de R$ 1,6 bilhão para a construção de um terceiro berço de atracação de navios, quatro novas unidades para armazenagem e uma nova linha de carregamento de grãos para o berço.

“Nova fase vai consolidar Itaqui como o maior escoador da produção de grãos do Arco Norte.”
Marcos PEPE Bertoni, COO do Tegram

“Essa fase 3 vai consolidar ainda mais o Porto do Itaqui como maior complexo exportador de grãos do Arco Norte Brasileiro, incluindo capacidade operacional de movimentação de mais 8,5 milhões de toneladas de grãos ao ano”, afirmou. O gatilho para essa expansão aconteceu ao final do ano passado, quando o terminal atingiu a sua capacidade operacional ao bater o recorde e exportar mais de 15 milhões de toneladas de grãos ao longo do ano.

Indo adiante com o projeto, a capacidade do porto vai aumentar para mais de 24 milhões de toneladas de grãos por ano, e o nível de armazenamento irá subir de 500 mil toneladas para 860 mil toneladas. “Ao invés de construirmos armazéns, como ocorre atualmente, vamos fazer as unidades em forma de silos, que darão maior flexibilidade em relação aos produtos embarcados”, disse Bertoni.

O porto de Itaqui hoje exporta basicamente soja, milho e uma quantidade percentualmente pequena de farelo de soja. Com a nova fase, Bertoni afirmou que com os novos silos, os atuais dois armazéns poderão estocar o farelo de soja, enquanto as novas unidades poderão estocar milho, soja e sorgo. “Antes as safras eram divididas em soja e milho. Agora não, tem soja e milho de janeiro até outubro. A ideia é usar os silos para operar melhor esses grãos ao longo do ano”, disse.

Além dos dois berços de atracação e dos dois armazéns, o porto atualmente opera moegas rodoviárias e ferroviárias, além de duas esteiras de expedição, que operam até 3 mil toneladas por hora.

Com o atual déficit de armazenagem no agronegócio brasileiro, que supera as 120 milhões de toneladas, outra operadora do Tegram, a Kepler Weber, fornecedora de soluções de armazenagem, vem nadando de braçada e irá investir na ampliação de diversos portos nas regiões Norte e Nordeste, como Itaqui, Barcarena, Miritituba, Porto Velho e dois novos na Bahia para operar grãos e fertilizantes.

“Há 20 anos, quando eu estava na faculdade de agronomia, ouvia que o ‘Brasil era competitivo somente da porteira para dentro’, perdendo na logística. Hoje, a situação é completamente diferente, o Brasil é super competitivo da porteira para fora também”, afirmou Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber.

Ele ilustrou que há dez anos o custo de se transportar uma carga do Mato Grosso para Xangai era o dobro do custo de levar uma carga de Minneapolis (EUA) para Xangai, a mesma distância. “Hoje o custo é o mesmo, e o Arco Norte é um dos responsáveis por isso”, afirmou.

A revolução da agricultura brasileira passa muito pelo desenvolvimento dessa região do Mapito. Há 20 anos, a safra brasileira era de 112 milhões de toneladas, em 2024 é de 332 milhões de toneladas. Os estados do Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste reportavam 40% da produção, hoje já são mais de 60%. A logística focada no Arco Norte elevou o escoamento de 9 milhões para 50 milhões de toneladas de todos os grãos em 2022.

Rodrigo Anselmo, diretor da Kepler Weber, afirmou que o número de 50 milhões de toneladas exportadas pelo Norte pode dobrar em 10 anos e superar os portos do Sul com facilidade. “A região [do Arco Norte] tem tudo de positivo, tem muita área, produtividade aumentando muito, logística melhorando, safrinha – essa dádiva do Brasil –, tudo isso forma uma tempestade perfeita que impulsiona o agro brasileiro.”

Os portos do Norte também são responsáveis pelo recebimento de fertilizantes importados, que levam metade do tempo – e do custo – para chegar ao Mato Grosso.

Mapito

A região de Mapito (os estados de Maranhão, Piauí e Tocantins), é a grande responsável pelo boom nos negócios do porto de Itaqui, que escoa cerca de 97% de toda produção de soja e milho do Mapito. “E a projeção de crescimento da região mostra a necessidade de se ampliar a logística portuária para o escoamento dessas produções”, disse Bertoni.

A expansão do agronegócio do Brasil e a posição geográfica favorável do Arco Norte certamente irão demandar novos portos ou ampliações dos atuais. Bertoni afirmou que a CLI está de olho em outros terminais portuários da região e também em projetos greenfield. “Já estamos com conversas avançadas e também com conversas iniciais em alguns projetos, ainda neste ano nós devemos trazer novidades”, finalizou.

FONTE DinheiroRrural

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