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Indústria calçadista vê exportação cair, mas Abicalçados aposta em “melhora gradual”

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Brasília – Após fechar o ano de 2023 com uma queda de 16,6% em volume e de 10,3% em receita, a balança comercial do setor calçadista começou o ano de 2024 com reduções ainda mais expressivas de 29,7% em volume e 23% em receita e apesar dos números negativos, o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, acredita que o mercado internacional deve seguir estável, mas com uma melhora gradual.

Principal mercado para o calçado brasileiro e de todo o mundo em valores movimentados, os Estados Unidos reduziram drasticamente as importações do Brasil em 2023: 40,4% em volume e 32% em receita. A retração deveu-se às oscilações enfrentadas pela economia americana com elevações das taxas de juros para conter o processo inflacionário.

Tendo comprado menos calçados que sua capacidade de consumo interno em 2022, os varejistas americanos ficaram com estoques elevados e colocaram o pé no freio das importações no ano passado, segundo avalia Haroldo Ferreira. 

Para ele, “outro fator determinante foi o retorno ao mercado de uma China faminta, após as restrições para contenção da Covid 19 e a normalização de preços dos fretes internacionais. O fato é que o Brasil perdeu mercado nos Estados Unidos, ao passo que a China recuperou seu market share. No ano passado, enquanto as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 40%, as vendas chinesas para lá foram reduzidas em 25%”.

Práticas desleais de comércio

Além de enfrentar a queda nas vendas para o mercado americano, o Brasil deparou-se com um aumento bastante expressivo das importações dos países asiáticos, em especial, Vietnã, Indonésia e China. Juntos, esses países foram responsáveis por mais de 80% dos calçados importados pelo Brasil.

Na avaliação de Haroldo Ferreira, parte desses calçados asiáticos podem estar chegando ao Brasil graças a práticas desleais de comércio: “como é sabido, existe um processo de dumping nas importações desses países, uma prática condenada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que consiste na criação de preços artificiais para exportação, via subsídios oficiais. Além disso, os países asiáticos não atuam em conformidade com os preceitos de sustentabilidade, não ratificaram boa parte das convenções da Organização Mundial do Trabalho (OIT) e precarizam o trabalho, o que torna seus preços ainda mais baixos às custas dos direitos humanos e do meio ambiente”.

O executivo da Abicalçados lembrou que em 2022, o governo brasileiro renovou o antidumping contra o calçado chinês e agregou outros dois países, Vietnã e Indonésia a essa ação, mas o pedido foi negado e ficou restrito à China. 

Para dos fatores externos, ele cita empecilhos internos entre os obstáculos enfrentados pelo setor calçadista brasileiro: “à prática desleal se soma a dificuldade estrutural brasileira de competitividade, com um alto custo produtivo e problemas logísticos, entre muitos outros”.

O pesadelo das importações com valor abaixo de US$ 50

Além desses obstáculos, a Abicalçados vem intensificando a luta contra outro fator que também prejudica a indústria calçadista no plano doméstico, a isenção de impostos para a importação de produtos no valor de até US$ 50, que chegam ao Brasil através de plataformas internacionais, como as chinesas AliExpress e Shein.

Haroldo Ferreira disse que “a Abicalçados e entidades ligadas à indústria nacional vêm alertando o governo federal a respeito da isenção total de impostos de importação para as plataformas internacionais em remessa de até US$ 50. O mercado brasileiro, desde agosto do ano passado, quando a portaria passou a valer, vem sofrendo ainda mais com a concorrência desleal. Essa importação via cross border, via de regra de produtos asiáticos, nem ao menos estão computadas nos dados gerais, o que já é preocupante”.

Após ressaltar que o Brasil vem perdendo mercado para a China em países da América Latina, onde a questão preço ainda é fundamental na decisão de compra, o dirigente da Abicalçados destacou que “já temos problemas o suficiente com a invasão asiática por vias convencionais e agora temos também pelas vias digitais. É um contrassenso a indústria nacional, que emprega milhões de pessoas, pagar impostos elevados e em cascata, enquanto grandes plataformas internacionais entram no mercado doméstico brasileiro sem pagar impostos de importação. Seguiremos alertando as autoridades sobre os riscos dessa política até que uma solução seja tomada em definitivo”.

FONTE Comex do Brasil

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