Mercado chinês já está aberto, mas ainda faltam alguns trâmites com as autoridades alfandegárias do país, informa a CitrusBR.
A indústria brasileira de suco de laranja espera ter encerrado até setembro todos os trâmites burocráticos necessários para exportar polpa cítrica (CPP) para a China. A informação é do diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), Ibiapaba Netto, que, recentemente, em postagem nas redes sociais, informou ter recebido do Ministério da Agricultura a confirmação da abertura do mercado chinês.
Em entrevista à Globo Rural, ele destaca que a liberação da China para a polpa cítrica era uma reivindicação de muito anos da indústria. E ganhou força ainda sob a gestão da ex-ministra Tereza Cristina no Ministério da Agricultura.
Segundo o executivo, o que falta para liberar os embarques são apenas alguns trâmites junto à Administração Geral de Alfândegas da China (GAAC, na sigla em inglês), como o envio das informações sobre as empresas exportadoras para as autoridades chinesas. Resolvida toda a parte documental, a depender da demanda e do ritmo dos negócios, os navios poderão ser carregados.
“Pode precisar de um ajuste ou outro, mas já poderia começar a embarcar, à medida que os chineses começarem a demandar. É mais uma oportunidade para a polpa cítrica no mercado”, diz Netto.
O diretor-executivo da CitrusBr pontua, no entanto, que ainda não é possível estimar o potencial do mercado chinês para a polpa cítrica brasileira. Ibiapaba Netto diz ter informações de que há negociações em andamento, mas não confirma se as operações de exportação do produto já estão fechadas.
“Há demanda na China. Se houve o interesse em abrir o mercado é porque estão precisando do produto. No fim das contas, vai depender do quanto os chineses vão demandar”, diz ele.
Embora veja a China como oportunidade, o executivo avalia, pelo menos até este momento, que o mercado interno deve continuar demandando a maior parte da polpa cítrica nacional. Netto lembra que o Brasil tem uma grande produção de carne e precisa do insumo para alimentar os rebanhos. “Tem um mercado interno muito grande, bem-organizado. É mais uma oportunidade. Vai ser uma relação de quem comprar mais”, analisa.
Suco de laranja
O Brasil já exporta suco de laranja para a China. Nos primeiros sete meses deste ano, foram embarcadas 43.001 toneladas para o país asiático, de acordo com o sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura. A maior parte, 42.990 toneladas, foi de suco congelado, não fermentado. O faturamento com essas exportações de janeiro a julho foi de US$ 48,64 milhões.
O suco brasileiro, no entanto, ainda enfrenta barreiras. A China cobra uma tarifa de importação que tem como gatilho a temperatura do produto. Se a carga chega ao destino a 18º C negativos ou mais fria, a cobrança é de 7,5%. Caso contrário, o produto é reclassificado e a tarifa passa a ser de 15%.
A temperatura acaba sendo um fator importante para o resultado das exportações porque o custo para a indústria aumenta à medida que o produto precisa ficar mais frio. Essa configuração tarifária, que começou a valer de 2020 para 2021, já representa uma melhora, explica Ibiapaba Netto. As tarifas anteriores eram de 7,5% e 30%.
O pedido da indústria de suco de laranja ao governo chinês é fazer com que a temperatura da bebida deixe de ser referência para a cobrança da tarifa. E que seja imposta uma alíquota única, de 7,5% sobre qualquer carga.
“Nosso objetivo é deixar em 7,5%, que é a melhor tarifa da China. A sinalização que nos deram é de que vão manter a atual configuração por alguns anos até mexerem de novo. Conseguimos uma vitória parcial, mas precisamos retomar essa discussão quando possível”, diz ele.
FONTE Globo Rural
FOTO CitrusBR