Por falta de água na hidrovia, minérios superlotam portos de Ladário e Corumbá

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Empresas se prepararam para retomar os embarques em meados de janeiro, mas até agora o rio está quase 40 centímetros abaixo do nível que permite o transporte

“O ano já está comprometido”. Essa é a avaliação de Luiz Dresch, gerente da Granel Química, empresa de Ladário que transporta minérios, ao falar sobre a escassez de chuvas e o baixo nível do Rio Paraguai neste começo de ano. Nesta terça-feira, na régua de Ladário, o nível estava em apenas 66 centímetros e sem perspectiva de melhora. 

E enquanto o rio não atinge um metro em Ladário, o transporte de minérios segue parado. Segundo o gerente da Granel, es espaços da empresa estão abarrotados com 200 mil toneladas de minérios somente da J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, mas por conta da falta de água, não é possível retomar a navegação, suspensa desde o começo de novembro. 

Em janeiro do ano passado, 172 mil toneladas de minérios foram despachadas dos portos de Ladário e Corumbá, onde também funcionam os portos Gregório Curvo e Vetorial. E, assim como a estrutura da Granel, eles também estão com os espaços abarrotados com minérios, já que existia a previsão de que a navegação fosse retomada nas primeiras semanas de janeiro. 

Somente a Granel Química embarcou 88 mil toneladas em janeiro do ano passado. Neste ano, por conta do aumento da demanda, a Granel poderia ter embarcado 500 mil toneladas se o nível do rio tivesse subido como em anos anteriores, de acordo com Luiz Dresch. 

Nos últimos sete anos, o rio estava em pelo menos 1,31 metro nesta época do ano, 6 de fevereiro. No ano passado, no dia 18 de janeiro já superou a barreira de um metro e no dia 6 de fevereiro estava em 1,48 metro, permitindo que as embarcações partissem de Ladário e Corumbá já com carga máxima. 

Em 2024, principalmente por causa do baixo volume de chuvas no norte de Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, o rio está parado na casa dos 60 centímetros faz 15 dias e em alguns dias chega a baixar, o que é totalmente atípico para esta época do ano. 

E para piorar, na régua de Cáceres, onde o máximo chegou a 2,75 metros, o Rio Paraguai está em queda faz oito dias. Em anos anteriores, a partir de novembro o rio já ultrapassava os dois metros e se mantinha nesse patamar durante toda a temporada de chuvas. Em 2024, ele superou os dois metros somente durante 20 dias.

“A gente sabe que se não tem água rio acima, aqui em Ladário não vai encher. Então, só Deus sabe o que vai acontecer. Estamos muito preocupados”, afirma Luiz Dresch ao garantir que nenhum dos cem funcionários da Granel Química será demitido por conta deste cenário. 

“São pessoas treinadas e que não podem ser substituídas de uma hora para outra. Enquanto os embarques não começam, estamos antecipando férias, fazendo manutenção dos equipamentos, pintura e outras atividades”, diz o gerente da Granel. 

Durante todo o ano passado foram embarcadas 5,81 milhões de toneladas de minério a partir de Ladário e Corumbá. Somente em fevereiro foram 643 mil toneladas, o que equivale a mais de 9 mil carretas. Neste ano, contudo, não existe nenhuma previsão para a retomada do transporte, deixa claro o gerente da Granel. 

Entre fevereiro e outubro do ano passado, mensalmente saiam do terminal da Granel entre seis e oito comboios, cada um com 16 barcaças, levando 48 mil toneladas de minério por viagem. Para conseguir fazer esses embarques, em torno de 400 carretas levavam minérios diariamente das minas até o terminal (conforme mostra o vídeo acima com imagens feitas em julho do ano passado, no auge dos embarques).

A culpa pelo baixo volume de chuva desta temporada é atribuída ao fanômeno El Niño, que deve continuar influenciando o tempo até abril, indicando que as mesmas regiões que tiveram pouca chuva de outubro para cá continuem sofrendo com o forte calor e a estiagem. 

E enquanto o rio não sobe, parte do minério é despachado por carretas. Estimativa da Agesul é de que cerca de 350 carretas com 70 toneladas de minério esteja saindo diariamente de Corumbá pela BR-262. Juntas, porém, elas levam menos de um terço daquilo que poderia estar sendo despachado diariamente pela hidrovia. 

FONTE Correio do Estado

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